Sobre Cedenpa

Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará – CEDENPA, foi fundado em 10 de agosto de 1980, aprovou os estatutos em 16 de agosto de 1981 e foi registrado em 27 de abril de 1982. A fundação ocorreu durante o movimento de redemocratização do Brasil; o regime era ditatorial, porém num momento em que estava sendo criado um ambiente favorável à abertura política; notícias espaças sobre o movimento negro estadunidense e poucas a nível nacional instigavam à busca por justiça racial em nosso Pará. Ressalta-se que o marco principal para a fundação do Cedenpa, foi à participação de um representante do Pará no encontro realizado para a criação do memorial Zumbi, em Alagoas, em 1980. Ressalta-se, também, que a aproximação com trabalhadores do CIMI-Conselho Indigenista Missionário (Pará), foi determinante para que o Cedenpa desse os primeiros passos nessa busca incessante por justiça racial.

O Cedenpa, mesmo com dificuldades, tem mantido seus propósitos principais como o de ser uma associação sem fins lucrativos, sem vínculos político-partidários, com ampla diversidade – de gênero, de orientação sexual, religiosa, de variados níveis de educação/informação/renda, sendo predominante a presença de pessoas negras, sobretudo mulheres, as quais sempre foram hegemônicas na condução da associação. Para cumprir seus objetivos ligados diretamente à luta contra o racismo, preconceito, discriminação, desigualdades sócio-raciais (de gênero e outras), o Cedenpa tem atuado balizado pelos seguintes eixos que se interpenetram/interseccionam/interagem:

a) Estimular o aumento da autoestima coletiva do segmento negro. A maioria da população negra, direta ou indiretamente, tem sido foi ensinada – e lamentavelmente tem aprendido – que pertence a uma raça inferior e por isso, muitas vezes, não reage às discriminações perpetradas por agentes do Estado e/ou da sociedade civil. Trabalhar para neutralizar e eliminar os efeitos das s ideologias(inferioridade racial, democracia racial e embranquecimento), que estimulam o segmento negro a se manter ´desmobilizado`, é uma das tarefas importantes do Cedenpa, inclusive através da valorização da afro-negra-cultura ancestral, que tem forte participação feminina.

b) Estimular o segmento negro a lutar por uma cidadania plena. A população negra está concentrada na camada de baixa renda da população, em todos os Estados do Brasil. Em uma sociedade hierarquizada como a nossa, se não existisse as barreiras do racismo, o segmento negro estaria representando proporcionalmente em todas as camadas sociais – tal como ocorre, por exemplo, com as mulheres e homossexuais brancos/as, segmentos também discriminados, mas que têm representatividade significativa em todas as classes sociais (inclusive de alta e média renda). Trabalhar para que o segmento negro tenha ciência de seus direitos e deveres, procurando buscar aumentar sua educação formal, formação profissional, nível de informação e efetiva participação política, é outra das tarefas importantes do Cedenpa;

c) Atuar levando em conta a necessidade de aprovação de políticas públicas específicas para a população negra, (de ações afirmativas, inclusive), para garantir a equidade, no mais breve tempo possível.

d) Participar das mais diversas articulações e atividades que se liguem à construção da democracia (nunca experimentada por nnós ós negras e negros), inclusive levando em conta o respeito aos Direitos Humanos (na perspectiva DHESCAs – Direitos Humanos, Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais)e insistindo em fazer prevalecer os princípios dos Bem Viver-Ubuntu-Teko Porã, Florestania,Feminismo nismo Decolonial e de tudo o mais que vise que busque à eliminação das hierarquias sociais.

O Cedenpa tem atuado no meio urbano e rural (neste caso, sobretudo, em apoio a algumas comunidades quilombolas), nos âmbitos municipal, estadual, nacional (e, pouco a nível internacional), através de fóruns, conselhos e outros, dentro e fora do movimento negro. Atualmente está ligado à Rede Bragantina de Economia Solidária, Rede Fulanas NAB-Negras da Amazônia Brasileira; AMNB-Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras; Coalizão Negra por Direitos; Coalizão Negra por Direitos, ABONG-Associação Brasileira de Organizações Não-governamentais; FAOR-Fórum da Amazônia Oriental; PAD-Processo de Articulação e Diálogos; e indiretamente se liga à Rede de Mulheres Afro-latinoamericana, afro-caribenhas e da Diáspora.

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