Os povos indígenas (legítimos donos da terra-Brasil , com os quais o povo negro tem aliança histórica)  sabem seus respectivos grupos étnicos – Mundurucu, Tembé, Guajajara, Caiapó, Pataxó, Ianomami, Gorotire e outros. A maioria dos brancos/as  sabe sua nacionalidade ancestral  (portuguesa, espanhola, italiana, e outras) -,entretanto,  a maioria da população negra  brasileira, dispersos que estamos por todo esse enorme país, não sabemos exatamente de quais povos africanos descendemos, porque nossos antepassados foram aglomerados em algum porto da costa africana, amontoados nos navios negreiros e, os que sobreviveram à trágica travessia, foram separados durante a comercialização/leilões nos ‘mercados de escravizados’ do Brasil. Com o avanço da ciência-tecnologia, sobretudo, ligada ao DNA, é possível que cada pessoa negra possa vir a saber algo de sua genealogia. Por enquanto, o Cedenpa continua optando por utilizar o termo Raça Negra, diante do fato de não sabermos as etnias ou nacionalidades das quais descendemos.

No caso do Pará, que também  recebia africanos escravizados desembarcados no Maranhão,  sabe-se, hoje, que muitos eram das etnias Cabinda, Bijago, Mandinga, Peuls, Fanti e outras, mas, conforme regisitramos, não é possível, ainda, se fazer uma árvore genealógica de cada um de nós. Essa é uma das razões pelas quais nosso Cedenpa trabalha mais com a palavra-conceito de ‘raça’ do que com a de ‘etnia’, sob o entendimento de que o conceito de ‘etnia’ dá mais relevo aos ‘costumes’ dos diversos povos e o de ‘raça’ dá relevo à características fenotípicas (biótipo, aparência física) pois é com base,  justamente,  na ´aparência física´ que somos discriminados no Brasil. 

region1-f829a.jpg

Por outro lado, a condição ‘ser negro’, por si só, tem condicionado a maioria da população negra a suportar uma vida absolutamente desfavorável, secularmente ‘improvisada’ . Isso fica agravado quando a pessoa negra: pertence a camada de baixa renda (que é a condição da maioria das pessoas negras); se trata de mulher; c) de homossexual; d) de portadora de deficiência;  gorda, baixinha e outras ‘categorias’ também discriminadas Brasil. Dessa forma, entendemos que, no nosso caso, o aspecto discriminatório principal é o pertencimento à Raça Negra.

Por serem produtores/portadores de várias culturas os povos africanos escravizados – e agora, nós, seus descendentes -, influíram, foram influenciados, influem nos processos não-lineares, heterogêneos, assimétricos e continuamente dinâmicos que caracterizam conjunto cultural de cada Região/Estado brasileiro e, em consequência, do Brasil como um todo.

Por força da riqueza das culturais africanas – na África são faladas mais de duas mil línguas -, o povo africano, mesmo sob a escravidão, é responsável por quase tudo que tem de alegre na cultura brasileira. O positivo sempre procurando superar o negativo. 

region2-2c8dc.jpg

“Ritual das Candeias” 13 de Maio, na Praça da República, onde  existiu um cemitérios de escravizados e outros desvalidos

No caso do Pará, onde, segundo o IBGE-Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística revela que a soma das pessoas que se auto-identificaram como pretas e pardas (negras) alcança mais de 70% da população,  interessa-nos registrar aspectos da afro-cultura, alguns dos quais comuns à outras regiões: 
a) Principais afro-ritmos/danças/cantorias do Pará: carimbó, siriá, lundu, samba do cacete, marambiré, boi-bombá, marujada, capoeira e samba. 
b)Principais pratos da afro-culinária : caruru, vatapá, maniçoba, feijoada, etc; 
c)Principais religiões de matriz africana: Mina-nagô, Umbanda, Candomblé e Quimbanda;
d)Principais influências afro-caribenha/centro-américa: merengue, lambada, cumbia, salsa, bolero/brega, reggae;
e)Principais influências afro-norte-americanas: funk, rock, jazz, blues, break, rap (hip-hop).
   

region3-b63ba.jpg
Banda Afro Axé Dùdù

Pin It on Pinterest