Cerca de 350 professores de ensino religioso, acadêmicos e representantes de movimentos sociais participam, até esta quarta-feira (29) do “Seminário de Ensino Religioso e educação para as relações étnico-raciais no Pará”. O evento, que foi aberto ontem (28), é promovido no auditório do Centro de Ciências Sociais e Educação (CCSE), da Universidade do Estado do Pará (Uepa) e discute a implementação da Lei 10.639 que tornou obrigatório a inserção Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana no currículo da Educação Básico.

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O encontro visa elaborar estratégias para aplicação de conteúdos que compreendam as religiões de matrizes africanas, além de fornecer subsídios pedagógicos sobre suas religiões para uso em sala de aula e elaborar conteúdos para serem trabalhados, de forma articulada, com outras disciplinas. Para isso, a programação discute, entre outros temas, a sala de aula como um espaço de afirmação da diversidade étnico-racial e como um cenários de combate ao racismo.

De acordo com o coordenador de promoção da igualdade racial, professor Amilton Barretto, é preciso observar que “as matrizes africanas tradicionais que aqui chegaram se miscigenaram e, hoje, o que temos é diferente. O que nós temos aqui é diferente de como é na África”, explicou o coordenador, que destacou também, a importância de promover um trabalho articulado com a sociedade. “Neste momento, dialogar com a sociedade civil organizada é fundamental”, disse.

A professora de ensino religioso do Instituto Bom Pastor, Clenilda Andrade, acumula experiências positivas sobre o assunto e as compartilhou durante uma palestra na tarde desta quarta-feira (29). Ela é uma das coordenadoras do projeto Raça e Etnicidades Afroindígena: resistência e desafios que promove oficinas, palestras, entre outras ações em sala de aula, cujo objetivo é trabalhar a autoestima. Atualmente, seus alunos fazem intercâmbio de correspondências com alunos de uma escola angolana.

“A ideia principal das nossas atividades é: eu gosto de ser o que eu sou”, explicou a professora. Ela apontou que, até pouco tempo, alguns livros didáticos ainda chegavam às escolas apresentando comportamento discriminatórios com a naturalidade. “Cheguei a ver livros dando exemplos, usando crianças negras como ‘as erradas’, sempre em situação inferior às demais”, relatou, acrescentando que esse tipo de comportamento também está disseminado no seio da sociedade. “Precisamos treinar o nosso olhar e fazemos isso dentro de sala de aula”, completou.

Texto: Mari Chiba
Fotos: Advaldo Nobre
Ascom/Seduc

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