Há mais mulheres negras morando sozinhas com filhos do que brancas.

Levantamento utilizou dados do IBGE e do Ministério da Saúde.

O levantamento “Dinâmica Demográfica da População Negra Brasileira”, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), aponta que a população que se autodenomina negra é majoritária no Brasil, mas que também é mais jovem, tem mais filhos e está mais exposta à mortalidade por violência do que a população branca. A pesquisa utilizou dados de diversos levantamentos anteriores, como o Censo 2010 do IBGE, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2009 do IBGE e o Sistema de Informação sobre a Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde de 2001 e 2007.

Segundo o Ipea, dentre os fatores que fizeram a população negra chegar a 97 milhões de negros, conforme o Censo 2010 do IBGE, em relação a 91 milhões de brancos, estão a maior fecundidade entre os negros e o maior envelhecimento dentre os brancos, provocando o aumento das mortes dentre os brancos idosos. A proporção de negros com 60 anos ou mais no total da sua população é de 9,7%, enquanto que a de brancos chega a 13,1%.

A pesquisa apontou que o percentual de negros mortos, com idades entre 15 e 29 anos, é maior do que o de brancos. A faixa etária representa quase 10% dentre as mortes anuais de homens negros, enquanto que esse número não chega a 4% para os brancos. Os pesquisadores do Ipea entenderam que os jovens negros morrem mais por estarem mais expostos à violência. Isso porque “causas externas”, como assassinatos e acidentes, é o segundo motivo que mais mata pessoas do sexo masculino entre os negros, conforme dados do SIM de 2007.

Nas duas raças, a principal causa de óbitos são as doenças do aparelho circulatório – cerca de 28,5% dentre as mortes do sexo masculino na população branca e 25%, na negra. As causas externas – assassinatos e acidentes – estão em segundo lugar entre o que mais mata homens negros, representando 24,3% do total dos óbitos. Entre os homens brancos, representa 14,1% das mortes e vem em terceiro lugar. Entre os homens brancos, colocam-se em segundo lugar as mortes causadas por neoplasias (17,3%), que são a terceira causa de óbito entre a população negra.

Quando o Ipea analisou separadamente as causas externas que provocam as mortes da população, percebeu que os homicídios correspondem a aproximadamente 50% dos óbitos entre os homens na população negra, tanto nos levantamentos do Ministério da Saúde de 2001 quanto de 2007. Entre a população branca, apesar de a violência ser a principal causa das mortes de homens em 2001 (35,3%), o número caiu em 2007 para cerca de 30%, sendo superado pelos acidentes de trânsito (cerca de 35%).

Estrutura familiar
O Ipea apontou que, conforme dados do PNAD de 2009, 63,8% das famílias, independentemente da raça, são formadas por casais com filhos. Dentre as famílias formadas por pessoas brancas, 12,5% são de casais sem filhos e 4,6%, de mulheres sozinhas. Avaliando-se as famílias negras, os índices ficam em 9,5% e 3,7%, respectivamente.

E há mais mulheres sozinhas morando com os filhos dentre os negros: elas representam 17,7% do total da estrutura familiar de sua raça no país. Dentre as famílias brancas, elas são 14,3%.

A análise percebeu aumento da contribuição das mulheres nas rendas das famílias, o que ocorreu nos dois grupos populacionais, conforme comparação entre os dados do PNAD de 1999 e 2009. Entre as brancas, essa participação passou de 32,3% para 36,1% e entre as negras, o aumento foi de 24,3% para 28,5%.

Também aumentou a proporção de mulheres negras ocupadas que se dedicavam aos afazeres domésticos em 2009 – elas representavam 91% do total. Um número semelhante de mulheres brancas que trabalham cuidam do lar: são 88,1%. Dentre os homens, a situação se inverte. São os brancos que ajudam mais no trabalho de casa (50,6%), contra 48,5% dos maridos negros.

Envelhecimento
Conforme o Ipea, a população de negros com 60 anos ou mais no total da população representa 9,7% dentre os negros e 13,1% entre os brancos. Na população idosa negra, a cada 100 mulheres, já 88 homens. Já entre os brancos, a relação apontada foi de 75 homens para cada 100 mulheres.

Apesar de não estar envelhecendo tão rapidamente quanto os brancos, os negros conseguiram aumentar sua participação no recebimento monetário de seguridade social. Em 2009, pelo menos 77,3% da população negra tinha direito a benefício – dentre os brancos, a abrangência é de 78,3%, chegando a um total de 16,6 milhões de idosos.

Fonte: G1

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