Antigos colegas de Nelson Mandela estão empenhados em concluir o livro “Longa Caminhada Até a Liberdade”, que o presidente havia começado a escrever. Essa segunda parte seria sua autobiografia.


Joanesburgo – Antigos colegas de Nelson Mandela estão empenhados em concluir um livro que o primeiro presidente negro da África do Sul começou a escrever, depois de deixar o cargo, e que seria a segunda parte da sua autobiografia “Longa Caminhada Até a Liberdade”, disse segunda-feira a imprensa local o arquivista dele.

Na primeira redcção de “Os Anos Presidenciais”, datada de 16 de Outubro de 1998 e vista pela Reuters no arquivo da Fundação Nelson Mandela, o herói da luta contra o apartheid escreve sobre as esperanças, medos e fragilidades dos movimentos de libertação do mundo todo.

Duas décadas depois do final do regime de segregação racial, alguns trechos podem soar desconfortáveis para os actuais líderes do Congresso Nacional Africano (ANC), partido de Mandela, entre eles o presidente do país, Jacob Zuma, suspeito de receber o equivalente a 20 milhões de dólares (USd 1.00 equivale a Kz 100.00) em verbas públicas para reformar a sua casa.

“A história nunca para de pregar peças, mesmo com combatentes da liberdade experientes e mundialmente famosos”, escreveu Mandela após comentar as dificuldades de movimentos vitoriosos em exercer a transparência na gestão pública e reduzir disparidades sociais.

“Frequentemente, antigos revolucionários sucumbiram facilmente à cobiça e a tendência de desviar recursos públicos para enriquecimento pessoal acabou por dominá-los”, prosseguiu Mandela, que deixou a presidência em 1999, após um só mandato, e hoje, aos 95 anos, tem a saúde frágil.

“Ao acumular uma vasta riqueza pessoal e ao trair os nobres objetivos que os tornaram famosos, eles virtualmente desertaram das massas e aderiram aos ex-opressores, que se enriqueceram roubando de forma inclemente os mais pobres”, escreveu Mandela, sem citar nomes.

O executivo-chefe da Fundação Mandela, Sello Hatang, disse que ex-colegas haviam começado a tentativa de terminar o trabalho, baseando-se em textos do próprio Mandela, outros materiais de arquivo e suas lembranças pessoais do prémio Nobel da Paz.

“É um trabalho colectivo, um projecto de pessoas que trabalharam com Mandela”, afirmou Hatang à Reuters na Fundação em Joanesburgo, onde Mandela passou o seu período profissional após deixar o cargo. Ele se recusou a dizer quem estava a trabalhar no livro ou quando ele pode ser publicado.

Fonte: Agenda Africana

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